quinta-feira, 17 de maio de 2012

Um pouco sobre Augusto

        Caros alunos,
     Aproveitando as homenagens feitas a Augusto dos Anjos nesta semana, gostaria que comentassem sobre o poema que segue e também lessem o comentário feito sobre a vida do autor por Arnaldo Nogueira Jr .
Abraços,
Raphaella Belmont.


Versos Íntimos
Augusto dos Anjos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no Engenho Pau d'Arco, Paraíba, no dia 20 de abril de 1884. Aprendeu com seu pai, bacharel, as primeiras letras. Fez o curso secundário no Liceu Paraibano, já sendo dado como doentio e nervoso por testemunhos da época. De uma família de proprietários de engenhos, assiste, nos primeiros anos do século XX, à decadência da antiga estrutura latifundiária, substituída pelas grandes usinas. Em 1903, matricula-se na Faculdade de Direito do Recife, formando-se em 1907. Ali teve contato com o trabalho "A Poesia Científica", do professor Martins Junior. Formado em direito, não advogou; vivia de ensinar português. Casou-se, em 04 de julho de 1910, com Ester Fialho. Nesse ano, em consequência de desentendimento com o governador, é afastado do cargo de professor do Liceu Paraibano. Muda-se para o Rio de Janeiro e dedica-se ao magistério. Lecionou geografia na Escola Normal, depois Instituto de Educação, e no Ginásio Nacional, depois Colégio Pedro II, sem conseguir ser efetivado como professor. Em 1911, morre prematuramente seu primeiro filho. Em fins de 1913 mudou-se para Leopoldina MG, onde assumiu a direção do grupo escolar e continuou a dar aulas particulares. Seu único livro, "Eu", foi publicado em 1912. Surgido em momento de transição, pouco antes da virada modernista de 1922, é bem representativo do espírito sincrético que prevalecia na época, parnasianismo por alguns aspectos e simbolista por outros. Praticamente ignorado a princípio, quer pelo público, quer pela crítica, esse livro que canta a degenerescência da carne e os limites do humano só alcançou novas edições graças ao empenho de Órris Soares (1884-1964), amigo e biógrafo do autor.
Cético em relação às possibilidades do amor ("Não sou capaz de amar mulher alguma, / Nem há mulher talvez capaz de amar-me"), Augusto dos Anjos fez da obsessão com o próprio "eu" o centro do seu pensamento. Não raro, o amor se converte em ódio, as coisas despertam nojo e tudo é egoísmo e angústia em seu livro patético ("Ai! Um urubu pousou na minha sorte"). A vida e suas facetas, para o poeta que aspira à morte e à anulação de sua pessoa, reduzem-se a combinações de elementos químicos, forças obscuras, fatalidades de leis físicas e biológicas, decomposições de moléculas. Tal materialismo, longe de aplacar sua angústia, sedimentou-lhe o amargo pessimismo ("Tome, doutor, essa tesoura e corte / Minha singularíssima pessoa"). Ao asco de volúpia e à inapetência para o prazer contrapõe-se, porém um veemente desejo de conhecer outros mundos, outras plagas, onde a força dos instintos não cerceie os voos da alma ("Quero, arrancado das prisões carnais, / Viver na luz dos astros imortais").
A métrica rígida, a cadência musical, as aliterações e rimas preciosas dos versos fundiram-se ao esdrúxulo vocabulário extraído da área científica para fazer do "Eu" — desde 1919, constantemente reeditado como "Eu e outras poesias" — um livro que sobrevive, antes de tudo, pelo rigor da forma. Com o tempo, Augusto dos Anjos tornou-se um dos poetas mais lidos do país, sobrevivendo às mutações da cultura e a seus diversos modismos como um fenômeno incomum de aceitação popular. Vitimado pela pneumonia aos trinta anos de idade, morreu em Leopoldina em 12 de novembro de 1914.

Projeto Releituras
Arnaldo Nogueira Jr
17/05/2012

24 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. O Título do poema já transmite a ideia de que os versos falam sobre os conceitos próprios do autor, "íntimos". Os primeiros versos falam da ilusão que todos nós sofremos com relação ao Amor. O homem acaba por se adaptar ao meio em que vive na "terra miserável" e deve aprender a ter maldade também, a ser fera. O poeta avisa: que depois do Amor, virá o abandono e o desfavor, e depois do afeto e carinho, virá o apedrejamento. Por fim, diante da desilusão total, o poeta diz não confiar em ninguém, pois todos são maus. Logo, é melhor escarrar e apedrejar antes que seja feito contra si próprio.

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  3. O título do texto deixa bem claro o que ele vai retratar no poema, vai falar sobre ele mesmo, sobre o que ele acha sobre o amor. Ele diz que o amor é uma lenda, que ele tem que se acostumar com isso, que o povo dessa terra é uma fera que um dia ele vai ter que ser fera também. Quem é melhor ele relaxar por que a mesma mão que o dar carinho também vai ser a mesma que vai lhe fazer sofre, então é melhor ele abri mão desse amor antes que ele lhe faça sofre

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  4. A poesia trata de uma visão bastante realista onde o homem que sonha, sonha só e nunca é acompanhado senão por pessoas que querem se aproveitar de sua boa vontade afim de retirar algum tipo de proveito de sua amizade. Coitado do homem, porque ele é manso e está cercado por feras.

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. ele já aborda o que o poema fala no tema : versos íntimos mais ele também fala no, amor na desilusão amorosa na ingratidão muita dor ,morte , amor e o ódio andarem juntos Os versos dizem da ilusão não assistida que todos nós sofremos com relação ao Amor. A "quimera", é sinônimo de ilusão que o homem e forçado a se adaptar em sua terra miserável e a ter sua maldade ,que o fim do amor é só uma questão de tempo o afeto e o carinho vira ódio !!!!

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  7. Nesse soneto, Augusto dos Anjos transmite de modo agressivo no sentimento pelo próximo, convertendo o amor em ódio, ele expressa o quão decepcionante pode ser uma amizade (nos versos "O beijo, amigo, é a véspera do escarro",
    "A mão que afaga é a mesma que apedreja.") apresentando sempre o ceticismo mas nunca abandonando a realidade.

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  8. O poema "Versos Íntimos" constitui o verdadeiro retrato do homem descrente, mas esta descrença não é irrelevante, percebe-se que houve uma decepção que se faz notória no seguinte verso: "O beijo amigo é a véspera do escarro". Augusto dos Anjos possuía esta vertente pessimista, sempre abrangendo temáticas de morte, vermes e sofrimento.
    Importante Ressaltar: Augusto dos Anjos tinha apenas 17 anos quando escreveu esse poema.

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  9. Na minha opnião Achei assim: que nos termos que ele usa da uma visão bem Realista de um Homem que sonha sozinho e nunca é acompanhado ou có-respondido no amor, a não ser pessoas que so querem se aproveitar de sua boa vontade para tirar proveito de sua amizade.

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  10. No poema Versos Íntimos Augusto dos Anjos quis retratar o amor de uma forma realista como quando ele cita que a mesma mão que lhe afaga é a mesma que lhe apedreja e um beijo amigo pode ser a véspera de um escarro . Augusto dos anjos quis mostrar no poema que as pessoas sempre estarão sozinhas e que o seu grande amor de hoje poderá se tornar um inimigo amanhã .

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  11. O poema em si, fala sofre o sofrimento causado pelo amor, como o mundo pode ser cruel, como o amor pode ser tão doce e tão amargo ao mesmo tempo.O amor iludi, acolhe, despresa. As pessoas cospem no prato que come e pra você sobreviver tem que se tornar tão amargo quanto o mundo.

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  12. O poema versos íntimos Augusto dos Anjos, relata sobre:Aprendeu com seu pai, bacharel, as primeiras letras. Fez um curso secundário no Liceu Paraibano, já sendo dado como doentio e nervoso por testemunhos da época.Formado em direito, não advogou; Vivia para ensinar Português.A vida e suas facetas, para o poeta que aspira à morte e à anulação de sua pessoa, reduzem-se a combinações de elementos químicos, forças obscuras, fatalidades de leis físicas e biológicas, decomposições de moléculas. Tal materialismo, longe de aplacar sua angústia, sedimentou-lhe o amargo pessimismo.A métrica rígida, a cadência musical, as aliterações e rimas preciosas dos versos fundiram-se ao esdrúxulo vocabulário extraído da área científica para fazer do "Eu" — desde 1919, constantemente reeditado como "Eu e outras poesias" — um livro que sobrevive, antes de tudo, pelo rigor da forma.

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  13. O poema relata o sofrimento amoroso, porem diz que ambos o "amor" tem dois lados,e que a crueldade acaba sendo necessaria para a sobrevivencia diante do mundo.

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  14. O poema fala basicamente, da ingratidão dos homens.Que moramos entre feras;para sobreviver a este mundo com tantas pessoas traíras e ingratas muitas vezes é preciso se tornar uma fera também pra se proteger.Muitas vezes a nossa bondade é retribuída com o mal, esse é o mundo em que vivemos então é preciso saber viver nele.O amor de hoje, amanhã pode se tornar em ódio, muitos parecem está ao nosso lado hoje, mas amanhã nos apedreja.Por isso ele mostra o medo de amar e de se apegar,a falta de confiança perante as pessoas.Que a reação certa é retribuir o mal com o mal.

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  15. No poema transmiti um sofrimento amoroso,é preciso se tornar um mal pra se proteger com muitas vezes,a nossa bondade as vezes e retribuida muitas vezes pelo mal.

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  16. Ele usa o quimera como imagem da fera, como vemos na mitologia grega. Considerando como sua companheira que desaparece o deixando na solidao. Os mesmos atos que o fez feliz,agora o rejeita.

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  17. Este comentário foi removido pelo autor.

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  18. O poema transmite a idéia de que os versos tratam-se de conceitos próprios no caso, sobre o Amor.
    Os versos dizem da ilusão não assistida que todos nós sofremos com relação ao Amor. A "quimera", é sinônimo de ilusão.O homem, desiludido acaba por se adaptar ao meio em que vive (na "terra miserável") e deve aprender a ter maldade também, a "ser fera".Fala que o fim do amor é só uma questão de tempo pois depois do Amor, virá o abandono e a depreciação; e depois do afeto e carinho, virá o apedrejamento . Por fim, diante da desilusão total, o poeta recomenda não confiar em ninguém, pois todos são maus e acabaram por "cuspir no prato que comem".

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  19. O poema fala sobre uma decepção amorosa, pois a mulher que ele amava a sua "companheira inseparável" o deixou,e ele terá que se acostumar com a sua ausência. Ele fala também sobre traição diz que a mesma pessoa que ama pode trair,nos últimos cinco versos se vê claramente essa ideia de traição.

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  20. Este é um dos mais “belos” poemas de toda a Poesia Brasileira. Muito bem feito, bem trabalhado e ainda importante informar: Augusto dos Anjos escreveu este poema com apenas 17 anos, coisa de gênio. O poema fala sobre a desilusão do amor,pois ele foi abandonado pela mulher que ele amava, e assim ele se sente traído,quando ele diz: "...Apedreja essa mão vil que te afaga,
    Escarra nessa boca que te beija!",essa antítese mostra nitidamente que ele se sente traído pela sua amada.

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  21. Neste poema nós podemos ver que ele emprega o dualismo, um exemplo pode ser no trexo que diz: A mão que afaga é a mesma que apedreja. Então podemos ver que a procedencia do bem pode ser usada para o mal. Podemos ver tambem outra coisa importante que ele destaca no poema, ele tenta punir o mal de uma maneira severa, como exemplo: Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija.

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  22. O poema Versos Íntimos de Augusto dos Anjos fala sobre a vida, sobre a ingratidão, do ódio e solidão das pessoas. Que nessa Terra só existem pessoas falsas que querem se aproveitar de certas ocasiões para nos receberem com "quatro pedras na mão".

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  23. O poema relata que muitas pessoas usam máscaras para nos iludir e que no final só o que vai nos restar é a INGRETIDÃO, pois ninguém vai saber dar valor a tudo que você fez por cada um deles, que até mesmo aqueles que ti apoiaram um dia vão te apunhalar pelas costas.

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  24. Ele lamenta pois niguem participou do enterro (da dor,do sofrimento) da sua ultima ilusão, somente a patada e o pontapé, foi sua companheira inseparável.
    E que o convivio com pessoas crueis, má, rispidas e violentas nós torna obrigatoriamente como elas.Pois as pessoas se faz de amigas, mas na primeira oportunidade le trai, e antes delas fazer isso devemos trai-las primeiro. E nas duas ultimas estrofes ele usa paradoxos.

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